O Caderno Lilás de Karim Blair

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012


Gatos, como eu, molhados de chuva e riscados de hulha. Moedas enferrujadas, parafusos e becos cheios de poças d´água. A morte falsa de Valéry. Meus olhos incendeiam os pedaços escuros da lua e se vão amiúde. São mais que olhos: são pequenos enredos que desaparecem em vielas. Nasci numa noite de outono e era o século XX. Já fazia frio e o busto de Álvares de Azevedo já tinha sido erguido. Já havia as piteiras de osso e as caixas de laca. Os doces sírios. Demônios azuis e castanheiros enevoados. Rock e saxofone, mauser exposta no armário. Meu coração mercadejava alguns abraços com os gatos em que eu me transformaria.