Andei muito tempo pelos mundos intermediários, pelos bambus e leques de papel, pelas luzes baixas das lanternas dos bairros vermelhos. Tempo suficiente para descrever a escrita dos grilos, a caligrafia doce das canetas com ponta de cinzel, o lento desembainhar das espadas. Sei Shonagon era como eu deveria me chamar naquelas manhãs em que esperava ansiosamente o requeijão e o pão de trigo, para depois sentar à mesa do canto e percorrer com o dedo as asperezas da madeira que restaram incólumes. Os princípios eram os mesmo, e os dias sucediam-se quase lentos. No entanto Sei Shonagon não era o meu nome, mas demorou tanto o tempo pelos mundos intermediários que eu volto à eles com o mesmo empenho com que devolvi à mim mesma a minha primeira caligrafia. E levanto de madrugada, à espera da primeira Lua Cheia do outono.
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